Bons tempos aqueles...
Sou parisiense e tenho vivido em Paris desde que nasci. Recordo-me com saudades o dia em que Jean recebeu-me de presente de seu pai. Era tudo o que ele queria naquele natal de 1983! Foi logo me fazendo um carinho e juntos saimos para o nosso primeiro passeio. Começamos uma turnê desde a casa de Jean no Saint Germain - Fontainebleau passando por Notre-Dame, Louvre, Champs Eliseè - costeando o lado norte do Sena e, depois passamos ao lado sul – fomos à torre Eiffel. Jean conhecia cada bairro, cada rua, cada monumento por onde a gente passava. Sei que nada do que via era novidade para ele, mas... naquele dia parecia estar pela primeira vez em Paris. Parecia que tudo era novidade para aquele jovem francês de catorze anos – era como se fosse um turista que, tendo sonhado há tantos anos, viesse, finalmente, conhecer na Cidade Luz – o glamour da capital do turismo na Europa. Aliás, Jean vivia Paris como um menino lambe um sorvete – deliciava-lhe os sabores despreocupado de que a guloseima chegasse ao fim... e se chegasse, ainda lambia os dedos.
Ah! Quando começo a contar tudo isso, me emociono, e ... não quero ser chata, mas, falo sem parar não é?...
A torre Eiffel estava ali diante de nós – imponente! Oh! Tão empolgada estou que, até me esqueci de contar: a prima de Jean – Cloe, uma jovenzinha de 13 anos que era de Perpignan – interior da França, estava com a gente e também tinha uma bicicleta muito simpática. Ao chegar perto da Torre a impressão que tínhamos é de que éramos anões (risos). Mas, todo o mundo que vê a Torre dali sente um impulso de subir... subir ao topo. Ver Paris lá do alto da Torre é fascinante, indescritível. Você deve estar se perguntando: “mas, como uma bicicleta sabe disso?”... “por acaso você subiu lá no alto?”... Não! não subi. Mas já tenho visto e ouvido tanta gente falar isso que tenho a impressão de que eu mesmo já estive lá.
Jean não tinha olhos pra mais ninguém e, era todo cuidados por mim. Não subiu! Ficou ali extasiado com a beleza da Torre, mas, ao meu lado... não me deixaria ali ao léu. Jamais me abandonaria ali à mercê da casualidade de que alguém, distraidamente me confundisse com a sua própria bici e me levasse...
O sol já se despedia e a Cidade Luz começava a iluminar-se.
... continua...
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