Breve histórico e pensamentos de Karl Marx



Geraldo Gabliel e Analice Viana*


Karl Heinrich Marx (1818-1883), pensador alemão, fundador do materialismo histórico, filósofo social e economista, nasceu em uma família de origem hebraica burguesa dissidente do judaísmo devido às leis anti-semitas então vigentes no Palatinado. Tendo sido expulso da Prússia por causa de suas idéias revolucionárias, emigrou para a França, onde conheceu Friedrich Engels, que seria seu amigo, adepto e colaborador por toda a sua vida. Foi em Paris que escreveu os Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844), não publicados. Sendo expulso também de Paris, fugiu para Bruxelas, onde, em 1848, publicou o Manifesto do Partido Comunista, em colaboração com Engels. Sua obra literária magistral foi O Capital.

Marx aliou à pesquisa teórica uma intensa atividade de organizador político, contribuindo para a discussão da relação entre indivíduo e sociedade:

... Marx considerava que não se pode pensar a relação indivíduo-sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações se apóiam. Para ele as condições materiais de toda a sociedade condicionam as demais relações sociais. Em outras palavras, para viver, os homens têm de, inicialmente, transformar a natureza, ou seja, comer, construir abrigos, fabricar utensílios, etc., sem o que não poderiam existir como seres vivos. Por isso, o estudo de qualquer sociedade deveria partir justamente das relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção” e transformar a natureza. Essas relações sociais de produção são a base que condiciona todo o resto da sociedade. 1

Embora não tivesse a intenção de elaborar uma teoria sistemática da estrutura e das transformações sociais, e sim estudar a sociedade de seu tempo – a sociedade capitalista – Marx contribui para o desenvolvimento da Sociologia, estabelecendo uma ideologia social cujos pensamentos têm como base o determinismo econômico, isto é: o fator econômico é determinante da estrutura do desenvolvimento da sociedade. Segundo Marx, o homem, para satisfazer suas necessidades, atua sobre a natureza, cria relações técnicas de produção relacionando-se com os demais seres humanos, o que se estabelece como relações de produção, sendo que, no conjunto estas relações resultam em um modo de produção. Pela atividade do trabalho (esforço humano e ferramentas), os homens desenvolvem as relações técnicas de produção e geram as forças produtivas, que por sua vez, geram um determinado sistema de produção (distribuição, circulação e consumo de mercadorias). Tal sistema provoca uma divisão de trabalho e o choque entre as forças produtivas e os proprietários dos meios de produção, determinando assim, uma mudança social.

Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem dois grandes grupos dentro da sociedade: de um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc.) necessários para transformar a natureza e produzir mercadorias; do outro, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto, de proletariado, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e a sua disposição para trabalhar. Sendo possível a produção na sociedade capitalista por haver relação entre capitalistas e trabalhadores.

A teoria marxista opõe-se a toda forma idealista de pensamento, ou seja, àquelas formas que pretendem dar o primado teórico ao “Pensamento”, à “Razão”, ao “Espírito”, vistos como “realidade primeira”, em detrimento das relações sociais, particularmente das relações sociais de produção. Nesse sentido, o materialismo histórico afirma que os fenômenos intelectuais, artísticos, políticos e jurídicos constituem uma superestrutura determinada em última instância pela infra-estrutura econômica. Assim sendo, os “fatores econômicos” constituem a “realidade primeira”. Essa concepção chama-se “materialismo” exatamente porque concebe o elemento material (infra-estrutura econômica) como sendo o fundamento. Esse materialismo é “histórico” porque concebe a formação de infra-estrutura e do modo de produção como historicamente determinado. 2



Marx dizia que o homem vive a ilusão de que esta pensando e agindo com seu próprio entendimento e vontade, de forma racional e livre enquanto, na verdade, desconhece um poder invisível que o força a pensar e agir da forma que age. A esse poder, que ele afirmava ser um poder social, chamava Ideologia.

As ideias desse político e filósofo social alemão mudaram o rumo da História, dividindo o mundo em dois pólos antagônicos por mais de 70 anos.

1 Iniciação â Sociologia. Nelson Dacio Tomazi,(Coordenador), 2ª Ed. Atual Editora, São Paulo, 2000. Pág. 21.
2 Artigo: O Materialismo Histórico. Wilmar do Valle Barbosa-Profº de filosofia da UFRJ.
Extraído do livro: Curso de Filosofia- para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação. Antônio Rezende – organizador. 13ª edição. ZAHAR – Jorge Zahar Editor.

Outras referências:
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Sociologia Geral. 7ª Edição – revista e ampliada. São Paulo, Editora Atlas, 1999.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: Das origens à idade moderna. São Paulo. Globo, 2005.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia: Série Novo Ensino Médio – volume único. São Paulo. Ática, 2002


*Alunos do PREFOPE/2010 da FACIMED de Cacoal, RO.

¡De la Codícia a la Ruína!


A quien por codicia la vida aventura, la más de las veces el bien poco dura.



Lo que sucedió a un hombre que iba cargado de piedras preciosas y se ahogó en un río.

Un día dijo el conde a Patronio que tenía muchas ganas de quedarse en un sitio en el que le habían de dar mucho dinero, lo que le suponía un beneficio grande, pero que tenía mucho miedo de que si se quedaba , correría en peligro su vida: por lo que le rogaba que le aconsejara que debía hacer.

-Señor conde-respondió Patronio-, para que hagais lo que creo que os conviene más, me gustaría que supierais lo que sucedió a un hombre que llevaba encima grandes riquezas y cruzaba un río.

El conde preguntó que le había sucedido.


-Señor conde-dijo Patronio-, un hombre levaba a cuestas una gran cantidad de piedras preciosas; tantas eran que pesaban mucho. Sucedió que tenía que pasar un río y como llevaba una carga tan grande se hundía mucho más que si no la llevara; al llegar a la mitad del río se empezó a hundir aún más. Un hombre que estaba en la orilla le comenzó a dar voces y a decirle que si no soltaba aquella carga se ahogaría. Aquel majadero no se dió cuenta que, si se ahogaba, perdería sus riquezas junto con la vida, y, si las soltaba, perdería las riquezas pero no la vida. Por no perder las piedras preciosas que traía consigo no quiso soltarlas y murió en el río.


A vos, señor conde Lucanor, aunque no dudo que os vendría muy bien recibir el dinero y cualquier otra cosa que os quieran dar, os aconsejo que si hay peligro en quedaros allí no lo hagais por afán de riquezas. También os aconsejo que nunca aventureis vuetra vida sino en defensa de vuetra honra o por alguna cosa a que esteis obligado, pues el que poco se precia, y arriesga su vida por codicia o fribolidad es aquel que no aspira a hacer grandes cosas; Por el contrario, el que se precia mucho ha de obrar de modo que le precien también los otros, ya que el hombre no es preciado porque el se precie, sino por hacer obras que le ganen la estimación de los demás. Convenceos de que el hombre que vale precia mucho su vida y no la arriesga por codicia o pequeña ocasión; pero en lo que verdaderamente debe aventurarse nadie la arriesgara de tan buena gana ni tan pronto como el que mucho vale y se precia mucho.

Al conde gusto mucho la moraleja, obro según ella y le fue muy bien. Viendo don Juan que este cuento era bueno, lo hizo poner en este libro y escribió unos versos que dicen así:

A quien por codicia la vida aventura, la más de las veces el bien poco dura.

DON JUAN MANUEL. EL CONDE LUCANOR.Cuento XXXVIII.

http://personal.redestb.es/jesusrom/fabulas/fabu_frame.html

O Guardião de Memórias


Geraldo Gabliel

O objetivo dessa resenha é analisar as ações pedagógicas, sociais e culturais no filme O Guardião de Memórias (The Memory Keeper´s Daughter) produzido por Sony Pictures em 2008 sob direção de Mick Jackson. A análise será feita tendo como foco a personagem Foebe (Krystal Hope Nausbaum) – uma garota com síndrome de Down nascida em 1964 nos Estados Unidos e que vive um drama em consequência do preconceito de seu próprio pai.


Não há, no filme, referência de que se esteja retratando um fato conhecido, mas nada nos impede de entender que o filme represente situações reais e que tenham acontecido e semelhantes a casos que ocorram ainda hoje na sociedade.


Vejamos a sinopse do filme:

Em 1964, Dr. David Henry (Dermot Mulroney) separou sua filha de seu irmão gêmeo para esconder de sua esposa que a menina tinha Síndrome de Down. Entregando a garotinha aos cuidados de uma enfermeira (Emily Watson), David corta todo o contato com ela e concentra-se em seu filho e na esposa (Gretchen Mol). Durante os próximos 25 anos, sua filha especial cresce e transforma-se numa bela moça, enquanto David assiste à derrocada da família que lhe restou... sabendo que jamais poderá revelar seu segredo cruel.*

Embora sendo ortopedista, o Dr. Henry, por uma circunstância inesperada, se vê na obrigação de realizar o parte de sua esposa. Não sabiam de que teriam filhos gêmeos. O menino, primeiro a nascer, é perfeitamente saudável; a menina, porém, nasce com Síndrome de Down.

Ao ver a filha e reconhecer nela os sinais de deficiência, o Dr. Henry é tomado por dolorosas lembranças do passado familiar: uma irmã deficiente que morreu ainda jovem em consequência da mesma ´enfermidade´. Por impulso, o Dr. Henry toma uma decisão que mudou para sempre a vida de todos e o assombrou até a morte – pediu que a enfermeira Caroline ( Emily Watson) entregasse a criança deficiente para adoção e disse à sua esposa que a menina não sobreviveu.

Caroline, a enfermeira, vendo a situação deplorável do abrigo em que deveria deixar a criança, tendo presenciado os maus tratos aos internados naquele abrigo e tocada por um instinto materno, decide não deixar Foebe ali e adotá-la como sua própria filha. Deixa seu trabalho, sua residência e muda-se com a menina para uma cidade distante, onde pretende cuidar e educar Foebe como uma pessoa normal.

O filme retrata o preconceito e a falta de esclarecimento das pessoas quanto à sindrome de Down na época. Caroline resente-se por considerarem em juizo que a menina é ´debilóide´. Luta contra tal preconceito e rejeição social e consegue, após muita insistência, matricular Foebe numa escola pública.

O comportamento e atitudes de Foebe demonstram que ela pode conviver normalmente no meio social e familiar interagindo com pessoas não portadoras da síndrome e que, por esse convívio, desenvolve potencialidades e sensibilidades comuns a qualquer ser humano considerado normal, ainda que isso ocorra em diferentes níveis de percepção e desenvolvimento.

Na prática pedagógica, o filme nos dá a oportunidade de percebemos a importância da compreensão da individualidade dos portadores de deficiências e a possibilidade da inclusão social dessas pessoas na familia, na escola e comunidade.

Hoje, muitos preconceitos têm sido vencidos e planos e iniciativas públicas e privadas procuram minorar o sofrimento de pessoas a quem a vida lhes fez diferentes nesse mundo em que ninguém é igual a ninguém.

*http://www.interfilmes.com/filme_20163_O.Guardiao.de.Memorias-(The.Memory.Keeper.s.Daughter).html

Geraldo Gabliel
Aluno do Curso PREFOPES/2010 da FACIMED de Cacoal - RO.