Paixão para ensinar e aprender

Após uma sugestão de campanha para que professores recuperem o orgulho de ensinar, Jarbas, do Blog Boteco Escola publica, com algumas adaptações, um texto de Laporte em português.


Muito interessante a todos que se dedicam à educação


Até que ponto os professores sabem que eles são (ênfase acrescentada) a escola? Eles são as estrelas. Eles são os Tony Ramos, Kaká, Juliana Paes, Gisele Bundchen, Milton Nascimento, Jô Soares em suas matérias. São eles que animam as matérias, dão vida a elas, que as tornam interessantes ou chatas, que compartilham as suas paixões. Se o professor entra no piloto automático, o curso vai ser um fracasso, com certeza. Mas se o professor faz algumas acrobacias, recitando versos ou dramatizando os saberes de sua área, os alunos irão ao sétimo céu. Claro, ninguém é obrigado a ser genial. Os professores são como os esportistas, os políticos, os bombeiros, os cronistas, eles fazem o que podem com aquilo que eles tem.

Mas a gente não vira cozinheiro sem gostar de comida. Então, a gente também não vira professor se a gente não gosta de ensinar, se a gente não gosta de dar aula, de representar. Não é necessário que a aula de física se torne um espetáculo do Cirque du Soleil, é preciso apenas que os alunos sintam que seu mestre gosta muito da matéria. Isso estimula e entusiasma a classe.

Quantas horas eu já não passei desenhando no meu caderno porque o professor lia suas notas de aula sem ao menos levantar os olhos. Monotono. Cansativo. Resignado. O tempo da aula não passava porque o professor estava parado. Sem inspiração. Existe apenas uma forma de aprender: é gostando daquilo que se aprende. Se a gente não faz os alunos gostarem daquilo que a gente quer que eles saibam, eles nunca se lembrarão da matéria. A indiferença não tem memória.

Se eu amo tanto escrever, isso se deve, em grande parte à professora Lamoureux, do primário, ao professor Saint-Germain, do secundário e ao professor Parent, do magistério. Eram professores que tinham aquilo que precisa. E eles não eram do tipo que faz palhaçadas. Muito pelo contrario. Mas a vocação deles era sincera e bem visível. E é disso que a gente fala. Manter trinta alunos sentados em suas cadeiras durante um dia inteiro não é tarefa pra qualquer um. Até mesmo os pais sofrem para cativar seus filhos durante um fim de semana. Imagine então, o que precisam fazer os estranhos que, durante a semana toda, estão substituindo os pais e tentando transmitir conhecimento, cultura e lições de vida a uma audiência que só pensa nas próximas férias de Natal. Não é pra qualquer um.

E só há uma maneira de fazer isso bem. Para interessar, é preciso ser interessante. Claro, sempre haverá os maus alunos que continuarão insensíveis a um curso de inglês, mesmo se ele fosse dado pela Angelina Jolie ou pelo Brad Pitt. Mas a maior parte dos alunos quer apenas embarcar com o professor como guia. Então, é preciso que o senhor ou a senhora na frente deles queira levá-los para um pouco mais longe que, simplesmente, o fim do curso; um pouco mais longe que a carga de trabalho que está no programa.


Extrato de texto de Stéphane Laporte

    Tradução: Taís Cardoso Barato

    Paris, 21 de setembro de 2009

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