Nossa imperfeição no momento...


Normalmente quando se espera um filho que está para nascer, os pais têm grandes expectativas de que seja uma criança saudável e perfeita.


Somos pessoas imperfeitas num mundo imperfeito, mas por nossa natureza e herança genética, não aceitamos naturalmente a imperfeição e assim, ficamos insatisfeitos com as nossas próprias imperfeições.


Teologicamente penso que o querer ser perfeito e estranhar e não aceitar a imperfeição é uma herança do Éden. Claro, isso contraria a corrente de pensamento evolucionista predominante em nossos dias atuais. Basta-nos observar como nos comportamos no dia a dia ao passar o tempo: a velhice (já um tanto surdos, cegos e dementes ) - mais próximos da morte - nos aterroriza; as doenças - ameaçam a vida; nossa estatura - todos queremos ser altos, fortes, bonitos. Tanto é que nossa sociedade criou um padrão de beleza e o apresenta como ideal ao mundo, e isso causa muitas vezes, na maioria das pessoas, a sensação de que tudo está errado consigo. Muita gente, inconformada, corre para as academias; recorrem às promessas milagrosas de certos medicamentos; e, até buscam terapias sobrenaturais para alcançar a vida eterna à partir da perfeição ainda na realidade presente.


Neste contexto, sendo eu também um inconformista com a realidade de imperfeição da humanidade, vejo como normal e natural que uma pessoa que espera o nascimento de um filho tenha espectativas de que este filho seja 'perfeito' - de acordo com o padrâo de normalidade aceita por nós: que tenha as sensações táteis, de visibilidade, de audição e possibilidade de vocalização.


Não estamos preparados para aceitar os 'defeitos' uns dos outros e uma prova disso, de que essa aceitação não é natural em nós, é o recorrer à aprendizagem sistemática - como este curso por exemplo - e que, inclusive nos propôe um preparo psicológico para a aceitação das diferenças individuais das pessoas deficientes. Aliás, para afirmarmos de que algo, ou alguém é diferente, precisamos de um referencial que julgamos ser 'perfeito´ou ´ideal'. Mais uma vez afirmo: ai está mais uma prova de que nosso anseio pela perfeição é algo intrínseco e natural do ser humano - algo que está em nossa constituição genética. A entropia nos atrofia, mas continuamos inconformistas e na busca da eterna juventude - a eternidade.

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